segunda-feira, 24 de junho de 2013

Olhos de vidro

Os olhos de vidro pairam sobre o cristal.
Pronto, é luz, vida, magia, cores...
Os olhos de vidro se quebram no final.
Ponto, é cruz, dor, angústia, cacos...

Os olhos de vidro avistaram de dentro para fora.
Tudo fluiu, concluiu, consolidou, enalteceu...
Os olhos de vidro trincaram naquele grito d'alma.
Nada partiu, saiu, passou, sem o dito apogeu...

Os olhos de vidro não eram de simples trato,
Eram temperados de calor...
Os olhos de vidro não eram transparentes,
Eram eles, leitosos de amor...

Renata Netto.

sábado, 22 de junho de 2013

Porta

Um pórtico de acesso, restringe e amplia.
Simbologia de oportunidades, novos horizontes...
De sua matéria bruta, respira origem, veio, vida,
Como se a árvore lá fora, estivesse mais próxima...
Onde se vai ao encontro, onde se despede.
Onde chega a notícia boa e logo vai embora...
Por onde chegam até sua intimidade mais particular.
Te protege do que não te pertence em matéria ou sangue...
E a batem, nos dias de raiva, e se encostam, nas nostalgias.
Divide e unifica, a partir dela, cada ambiente é diferente,
Uma novidade, uma surpresa, um encontro ou desencontro...
Te esconde quando preciso, te isola quando regride,
Te solta quando és livre, te consola quando triste...
Antes de tudo, respira a memória de uma época e a ultrapassa.
E como a vida, posso repaginar, transformar,
Quantas vezes quiser e poder!

Renata Netto.

sábado, 15 de junho de 2013

Ao céu

Olhe os rios a margear os leitos...
É como gostaria que sua pele encostasse na minha!
Suave, despertando calafrios, arrepios...
Água que corre e pulsa como fonte de energia da vida...
Me invadindo com a força de uma cachoeira,
Devastando minha flora, agredindo meus sentidos...
Até sangrar em fluidos naturais em seus veios...
Voltando, lentamente, a harmonia orgânica
Até reportar ao céu toda a irracionalidade do instinto.

Renata Netto.

Fundição

Apresente-se, e só é preciso monólogos, para tudo fervilhar...
Como pipoca na panela quente, saltitantes, pulsam as veias.
Um frio ligeiro corre pela barriga, caindo a baixo, contrações,
Que contorcem, faz ofegar, alimentando a memória de imagens,
Velhas e novas, surgindo sem cessar, desfocando prioridades.
Puramente instintivo, quebra-cabeça, que disperso se encontra,
Se encaixa, sem muitas palavras, sem esperar nada em troca...
Apenas se fundi, o querer, o desejo, o olhar, o cheiro e o gozo.

Renata Netto.