quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Veja bem...
A solta beleza do vento
Como pode levar sua força
Onde quer que vá
Ponderando entre brisa e vendavais

Veja bem...
De quantas palavras a lua se faz
Ora regendo mares, ora corações
Como a serena paz onde queremos estar
E com toda a leveza
Administrando o tempo com rigor

Veja bem...
O sol com sua imensa intensidade
Nunca chega e sai sem ser notado
O mesmo raio que consola pode agredir
E mesmo com sua força
Em tantos lugares não consegue incidir


Renata Netto



Era pouco e eu sabia
Que por mais que quisesse
Não seria

Era trágico e imaturo
Que por mais que investisse
Não vingaria

Era raso e tão baixo
Que por mais que descesse
Não afundaria

Era claro e lógico
Que por mais que doesse
Não mataria

Renata Netto

terça-feira, 16 de agosto de 2016

A minha casa está vazia,
As esquadrias fechadas,
As mobílias remendadas
E ainda assim o amor, habita...

Eu não me amo!
Não me nego a definição de praça...
Eu não mereço
Nada que me tragam de graça.

Eu não me amo!
Esqueço e afasto-me de quem sou...
Eu não aguento
Viver na ditadura dos velhos tempos...

Eu não me amo!
Mantenho em silêncio o que incomoda.
Eu não ingiro
Nada que me anule mais que eu mesma.

E enquanto gritava
De todas as formas...
Apenas o amor
Me sustentava.

E quando torturada
Com todo o desdém...
Apenas o amor
Me salvava.

Mas eu não me amo...
Se me amar é mais vazio
No meu berço cultural.

Mas eu não me amo...
Se me amar é um beiral
Protegendo as feridas,
Tão antigas...

Renata Netto