terça-feira, 19 de agosto de 2014

Segundo sangrio

Vem teu nome e me lança as cartas.
Incandescente, atinge mais um desejo.
Cativante, alcança vibrante, uma canção.
Corriqueiras ideias envoltas de segredos.

Teu nome espera minha boca aberta
A engolir teu suco e digerir teu desejo
A embrulhar teu corpo e arder febril,
E desfalecer em teus lábios vermelhos.


Renata Netto.

Nota-me

Ei, conte-me um segredo.
Forte e envolto de magia.
Fale-me das ideias e fatos.
Corriqueiros ou não, diga.

Ei, cante-me uma canção
Intensa e vibrante em lá.
Alcance graves e agudos.
Cativantes ou não, grita.

Ei, conte-me um desejo.
Vermelho e lilás, sujo.
Atinja-me com sonhos
Loucos, incandescentes.

Ei, o sangue ainda pulsa
Veloz e fervente na veia.
Machucam-me os beijos
Que teu nome, regurgita.

Renata Netto.

Trans Vestimentas

Era hora... Mas não existia o tempo,
Enquanto pousava o pensamento sobre um olhar.
Era lugar... Mas não existia espaço,
Enquanto ocupava em volume todo o pensamento.
Era festa... Mas não existia música,
Enquanto dançava o corpo sobre a guarda tua.

Era canto... Mas não existia acorde,
Enquanto tecia em dedos as melodias em sentido.
Era surto... Mas não existia condutor,
Enquanto a corrente envolvia a mente em segredo.
Era grito... Mas não existia uma fala,
Enquanto sussurrava no ouvido o batom vermelho.

Era momento... Mas longe da realidade,
Enquanto os sonhos encontravam um meio de selo.
Era vento... Mas soprava intangibilidade,
Enquanto a imaginação transformava cada intenção.
Era exato... Mas traduzido erroneamente,
Enquanto abrigava a razão um espaço na emoção.


Renata Netto.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Presença interna

Quando me vejo no escuro,
O vermelho dos teus lábios
Roubam meus segundos
Apagados.
E volto a ascender o fogo,
Desesperado e inimigo
Do meu próprio equilíbrio
Instável.

E é quando busco meu riso
Antigo, esquecido...
Quando danço escondido
Em volta do umbigo...
Tracejo o horizonte turvo,
Esperança de um rumo...
Quando encontro-me perdido
No meio do teu mundo!

Quando me sinto no vácuo,
O castanho dos teus olhos
Consomem-me os instintos
Aflitos.
E retrocedo ao primitivo,
Rude, talvez pragmático,
Do meu querer intuitivo,
Tangível.



Renata Netto.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Ontem, hoje e sempre!

Veja, no espelho líquido
Maleável e transparente
Da gota de água, o fruto.
É o que viemos a plantar,
O que semeamos para nós.
O que se perdeu.
O que se conquistou.

Veja, nos tantos fleches de luz
Coloridos e incandescentes
Do sol, a palavra que conduz.
É o que viveremos em prol,
Do que desejamos para nós.
O que se demolirá.
O que se construirá.

Veja, no lúdico dos sonhos
Intangíveis e contentes,
O possível de teus anseios.
É o que devemos realizar,
É o que acreditamos para nós.
O que se sonha.
O que se projeta.

Renata Netto.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O que tem de mais bonito

Nos braços morenos
Encarnados de amor,
Acalentei os desejos
Enfeitados de ardor.

Encontrei os sonhos
Perdidos em cor,
Onde o teu corpo
Era no papel, esboço.

Fiquei mudo e despido
De ideia e pensamento.
Todo silêncio era agito.
Todo agito era segundo.

Estranho o tal tempo...
Cala falas, segredos,
O que parece infinito.
Ao passar deixa tudo
Mais bonito.

Renata Netto.

O que pensas

Eu falo até o que não devo.
Para de vergonha, não poder falar
Mais.
Eu falo e falo mesmo, e tanto...
Mesmo sem saber o que avaliar,
Enfim...
Mas se tudo que eu disser, for
O que realmente sou, não vou prestar
Nada

E...
Nem um pouco de mim
Valeria um pacote de pão.
Nem o trocado do mendigo
Me ajudaria.
A ter mais noção
Da atenção
Que a disposição
Do silêncio

Falar muito foi a maneira
Mais rápida de te decepcionar
Mas,
Falava tanta besteira alheia,
Porque não sabia de fato o que falar.
Enfim...
Mas se tudo que não disse, for
O que realmente sou, vou te falar...
Tudo

E...
Só um tanto de mim
Valeria mais que painite
Que nem amolite encontrado
E me faria
Ser um amoleto
Guardado
Em teu peito
Distinto

Das coisas que penso
E não falo
Das coisas que falo
E não mostro
Das coisas que vivo
E guardo
Posso ser sorte ou revés
Posso ser dor ou amor
Posso ser semelhança
Ou oposto

Renata Netto