terça-feira, 9 de setembro de 2014

Profundeza Azul

Quando meus olhos chegaram ao mar,
Furaram as ondas, mergulharam para si
Na silenciosa profundeza colorida dos corais.


No fundo encontrou outros olhos a piscar,
Em tantas bolhas que subiam ao limiar do ar.
Seria um encontro ao seu estado natural, aliás.


Ao afundar cada vez mais, nada faria sentido
Diante do azul infinito, abrigo do meu corpo.
No avesso do que sou por fora, que aflora mais.


No azul puro e nítido dos teus olhos
Que podem me cegar cada dia mais.
E tenho medo de nada mais enxergar,
Além do que existe nestes olhos azuis.


Quando meus olhos fizeram festa no mar,
Minha matéria era agulha em velocidade,
Nas correntezas presas a derme, escamas.


Entre tuas rotas, na leveza suave do nadar
Floresciam neons das cores mais diversas,
Indicando setas para onde devia correr mais.


Ao ascender cada vez mais, tudo faria sentido
Diante da esfera infinita, memória do meu corpo.
Na vertente dos meus sonhos,que afloram mais.


No azul puro e nítido dos teus olhos
Que podem me cegar cada dia mais.
E tenho medo de nada mais enxergar,
Além do que existe nestes olhos azuis.


Sua força imprecisa nos dias de tormenta
Podem me arrancar tudo, naufragar-me
E regurgitar-me em plena areia fria, ao luar.


Posso dessecar a revelia do tempo azul
Ou cinza que se fará, após retornar
Ao meu estado natural, mas sem você.


Ao retroceder cada vez mais, a ideia de mar
Diante dos meus olhos castanhos claros,
Revesso dos teus, azuis, de promessas vãs.


No azul puro e nítido dos teus olhos
Que podem me cegar cada dia mais.
E tenho medo de nada mais enxergar,
Além do que existe nestes olhos azuis.


Renata Netto.