terça-feira, 26 de março de 2013

Simples assim!

Cansaço de pensar demais... fantasiar demais
Olá, vida real! Estou aqui pronta para ser levada...
Abduzir, carregar, ou simplesmente ser deixada.
Estou farta de meias verdades, da minha covardia...

Estou farta... de tanta coisa que desconheço!
Quero passar a andar em um mundo florescido
De esperanças novas todos os dias, porque
Elas andavam distantes de mim por esses dias...

Quero voltar a ser quem era.
Sonhos, verdade, coragem,
Força, guarra, vontade...
Chega de achismos...

Quero voltar a ser quem era.
Sem as sequelas dos sonhos
perdidos, e dos deixados
Pelos velhos caminhos...

Quero ser eu apenas,
Sem pensar no que sou
Para quem eu quisera...

Renata Netto.

Trolando


Quando cedo for o teu apagar, 
Meu corpo não resistirá...
Aquela memória boa de estar
Sempre aberta a ousar...
Quando tarde for o meu partir
Minha mente dividirá...
Aquilo que era presente de ti
Nos acordes a solar...

Assim, como uma música boa
Que nos transporta para algum lugar
Assim, como um sonho bom
Que acorde querendo voltar a sonhar

Quando tempo fizer vontade de voltar,
Os momentos serão tristeza
Quando nula for a pressa de se doar,
A ausência da falta é certeza

Corre só nesse caminho de nó
Que o laço só deslaça quando
Se sente só... mas inteira de si

Corre só nesse polvilho de milho
Que espalha pó por onde passa,
Melhor só... mas, cheia de ti

No descompasso desses versos
O embaralho é nervoso 
Cuidado com o jogo de mistérios
Que o engano é certo

Renata Netto.

quarta-feira, 20 de março de 2013

No céu de pouca luz, tantas luzes compõe a paisagem...
Que atraem tantos olhares angustiados, sofridos...
Buscando naqueles enfeites naturais, esperanças, sonhos inventados...
Atraem olhos aflitos de paixão não correspondida...
Atraem corações apaixonados a flertarem em cordéis encantados...
Consolida e desestabiliza certezas...
Confunde e desembaraça dúvidas...
Olhar para o céu estrelado, uma oração íntima consigo mesmo...
Uma relação natural de busca sobre o que nos rege...
De maneira a não nos sentirmos tão perdidos...
Tão sozinhos!

Renata Netto.

Certificado

Foi preciso repartir-me,
Colocar-me a prova.
Para entender até onde iria.
Foi preciso dividir-me,
Colorir-me de mentira.
Para a coragem me levar.

E na vida a labuta é o equilíbrio.
A liberdade o perigo.
E na saudade o amor é conforto.
A loucura é um elo,
Entre o que você quer e se pode fazer.
Geralmente nulo,
De convenções e nomenclaturas.

Foi preciso desfazer-me,
Deixar-me soberba
De tudo que me abrigava.
Foi preciso expor-me,
Esclarecer-me de verdade
Para ter certeza do que era!

Renata Netto


quarta-feira, 13 de março de 2013

...

O segredo do beijo calou o universo que pulsava forte no peito, no instante em que enxergou o extremo poder de querer...
O silêncio gritou ao vento folhas secas em canto, como se o ar fosse feito de linhas transparentes com megafones disfarçados de pássaros...
Cifras, códigos, moedas, sinais que flutuam em berço de cerco em ambos os lados, calados... confundem, enganam, traem...

Interpretação!


Aquele doce olhar, com lábios vermelhos, cabelos cacheados, corpo esguio, sorriso aberto... não fala tudo que habita em si como se é...
Muito se guarda, muito não se fala, muito não se passa, muito não se tem acesso ou escada, nem fadas, nem anjos, nem bruxas...
Naqueles versos cheios de verdade, só a ilusão os preenchem... só o amor os consola, pela vida, por si, pelo mundo, por aquele que não volta...
O amor que tenta guardar para si é pouco, ele se expande pelo horizonte, quando caminha, corre, cai e levanta...
O amor que esconde é para si, muito, sólido, árduo, concreto e fértil de sonhos, imaginação, simplicidade...
Aqueles que não tem paciência de escutar, não sabem...
Aqueles que não tem tempo de esperar, não entendem...
A pureza existe dentro da verdade...


sábado, 9 de março de 2013

Conveniente


Enquanto o tempo for momento
Enquanto a distância for motivo
Enquanto a saudade for instinto
Enquanto o espaço for dividido
Enquanto o seu eu não for incômodo

Conveniência...
Dama de conveniência...
Senhor de conveniência...
Conveniência...

Enquanto der para ser quem não se é de verdade
Enquanto der para mascarar a busca da irrealidade
Enquanto der para encher-se de mentiras doces
Enquanto der para disfarçar o contrário de forte...
Enquanto der para dizer falsamente que é felicidade

Conveniência...
Dama de conveniência...
Senhor de conveniência...
Conveniência...

terça-feira, 5 de março de 2013

Embriaguez

O credo morreu no mistério.
Na dúvida que me sorriu
Ontem a noite, quando deitei.
O santo anjo me guardou,
Iluminou, não governou...

E assim quando o sol pairou
Sobre a minha janela
Fiz tudo ao contrário do que era

E assim quando a lua encontrou
A minha ampla janela
Fiz tudo a mercê do que quisera

E assim quando o tempo tombou
Ao pular minha janela
Fiz tudo para anteceder a miséria

Das poucas migalhas no chão.
Da labuta árdua indesejada,
Controversista de minha gana.
Minha deusa mensageira,
Negou-me, o traçado...

E assim quando o lápis quebrou
Sobre minha mesa
Fiz tudo recomeçar outra vez

E assim quando a borracha faltou
Sobre minhas mãos
Fiz tudo repondo folhas por vez

E assim quando o papel acabou
Sobre minha visão
Fiz tudo projetado na lucidez



Renata Netto.

Versos de ninar

Foi só você chegar
Que a espera
Fez compensar
Foi só você brilhar
Que a noite
Se fez luar
Foi só você cantar
Que a música
Fez dançar
Foi só você chegar
Na hora
De ser meu par

E agora perto
É sonhar
E agora longe
É chorar
Agora é sol
Pra ficar
Agora chove
Pra molhar
Agora corre
Até o mar
O meu amor
Para beijar
Azul

Renata Netto

Meu primeiro samba

Foi quando fiz meu primeiro samba que percebi
Que você foi embora
Daquela janela
De dentro

Fechou-se a porta com o pé de vento que deu
Voaram as folhas, os lápis, os desenhos, as canções...
Os segredos que por muito tempo foram só meus

No silêncio do abrigo escuro, só a fresta de luz
Daquela janela que iluminava o vão do meu peito
Permanecia como o tempo no passado que reluz

Foi quando fiz meu primeiro samba que entendi
Que você foi embora
Daquela janela
De dentro


sexta-feira, 1 de março de 2013

Seu mar, onde paira a luz

Não sei dizer bem ao certo quando aquele mar me encontrou...
Ou se fui eu quem o encontrou?
Na verdade, simplesmente, veio me banhar o corpo, e ficou...
Ou fui eu que mergulhei nele?
Sinceramente, acho que dei uma força para que a lua fosse cheia...
Para deixar nítido o brilho que levava ao caminho das tuas ondas...
Maré alta, noite mansa, lua clara, vida, em tons de azul...
Igual as cores que te compõem, nessa mescla luzente de paz...
Que o sol realça com sua luz...

Renata Netto

Ficha errada

Se eu pudesse falar o que em meu peito cala
Talvez te dissesse, sim, estou com medo!
Porque não é de hoje que sinto algo estranho
Não sei se realmente estou te perdendo,
Ou se sou eu que estou mudando de repente.
Enfim, mastiguei tanta coisa por dentro,
Passei tanto tempo pensando e pouco fazendo.
O porque que as coisas acontecem,
Tem haver com nossas decisões ou ausência delas...
Passei tanto tempo perdida, que não sei...
Se me reencontrei... Se ficou algum pedaço pela estrada,
Se ainda trago comigo aqueles velhos valores...
Hoje, depois de muito tempo brigando comigo mesma,
Descobri que fui eu mesma quem atrasou minha vida...
Descobri que enquanto eu pensava sobre o que fazer,
Era para estar fazendo e que quando ressentia,
Era para prosseguir firme com a minha escolha...
Mas não fui forte o suficiente, ou, por medo, mais uma vez...
Me segurei em alguém que achava ser mais forte que eu...
E apostei todas as minhas fichas nela...


Renata Netto

Baile iluminado

Ela vem lá de longe com seus passos suaves.
Parece mais um cisne em um lago cristalino
Com toda sua graça estampada em um sorriso.
Se aproxima devagar e flutua entre as nuvens
Sem sair do chão...

Parece uma borboleta em cores ao dançar.
Seus pés suspendem sua alma transparente
Como se o tempo não fosse mais presente.
E só ditasse o ritmo de seu coração no ar
Sentindo o vento passar...

Em cada rodopio, com braços estendidos,
Reverenciando o céu estrelado...
Com corpo aberto à luz,
Lua dessa noite tão feliz!

Em instantes tu roubaste dos astros no céu,
Todo o brilho, toda intensidade
E fizeste de instantes...
Um baile iluminado!

Ela vem bem perto com seu jeito faceiro.
Parece mais uma fera observando a caça.
Tem horas que distrai, e outras me mata
Com todo o encanto do mês de fevereiro,
Solta os cabelos...

Parece uma Fênix voando raso a minha volta.
Sinalizando entrega, com olhos vis faiscantes.
Lençol fino e macio, seus braços deslizantes.
Cobre meu corpo e alma em êxtase de alegria
E viva!


Em cada rodopio, com braços estendidos,
Reverenciando o céu estrelado...
Com corpo aberto à luz,
Lua dessa noite tão feliz!

Em instantes tu roubaste dos astros no céu,
Todo o brilho, toda intensidade
E fizeste de instantes...
Um baile iluminado!