quarta-feira, 23 de julho de 2014

Sofrervivendo

Sempre é triste a despedida, mesmo antes da partida.
O coração te obriga a chorar, a lembrar, a conviver...
Com toda a saudade do que está por vir e do que ficará
Por toda a vida
Sim, a memória é sempre viva, seja ela ruim ou boa.
Sobrevive em nós catando os sentimentos propícios
E com toda a ansiedade de um regaste sem sentido
De tudo o que já foi vivido...

E é assim que a terra se umedece, e dela brota as mais belas mudas.
Se transformam em raízes fortes, solidificadas, imperatrizes.
Transforma-se em dia esperançoso, aquele dia tão nublado e chuvoso...
E a fantasia dos sonhos nos submete a tão doce e feliz novela,
Que às vezes, é até bom contar história para o coração dormir...
Ah se tarde, hoje, fosse cedo, clarão do dia seriam meus olhos
A desfazer o traçado tortuoso que mal conduzi na estrada
Em tantos dias...

Ah, se o meu silêncio falasse, não restaria nenhuma alma sadia
Cairiam tempestades e os terremotos se fariam a qualquer hora,
A todo instante, do que teu não fosse meu...
Ah, se minha imaginação se retratasse em uma tela de cinema,
A platéia toda se contorceria na esquiva de captar todo o meu gesto
Minha postura deselegante no palco do meu mundo encantado
Ah se essa matéria se nutrisse de prece não morreria por mais 50 anos
Doloroso seria viver tanto por tudo que minha mente cala...

Repulsa, maltrata querendo ter o que não se pode ter.

Renata Netto.