terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Rege-me!

E se a maré chegar e alcançar meus pés...
Deixa levar minhas lágrimas
E se a maré chegar e alcançar minha alma...
Deixa levar...
A saudade que aprisiona meu sorriso,
Que castiga com rigor meu coração.
Deixa-a renovar as minhas águas,
Que o filtro será mais puro.
Eu sei que errei demais
Por deixar-me guiar
Pela emoção.
Entreguei-me sem remorso
Aos braços da liberdade
Achando que seria melhor.
Mas sei o que trago no peito.
Não sou um poço de rancor,
Nem berço que repousa felicidade.
Um turbilhão atrapalhado
Esperando por amor.
Tento encontrar um abraço,
Descanso para meu corpo
E paz para minha mente.
Sei que sou mar em tempestade.
Seja a lua que guia as marés
E conseguirá navegar em mim,
Apenas por alguns instantes...



Renata Netto.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ou não?!

Até onde escorre o sangue da ferida?
O peito aberto expõe a flor
Ainda por desabrochar.

Até onde vai o leito a estreitar-se?
As águas não terminam nele
Estão se renovando sempre.

Assim é o amor, mesmo doído
Está receptivo a descoberta
Do erro ou acerto!

E assim é a vida, mesmo dura
Está aberta as oportunidades
De ser ou não melhor!

E tudo, absolutamente tudo!
Está na decisão de uma palavra
Uma permissão ou não!


Renata Netto.

Doje nhãrei

Se não é amor o que sinto...
Se a saudade não chega a doer,
Mas consome horas do meu dia...
Não sei o que pensar, melhor não pensar!

Se o que sinto é insano...
Se o corpo grita arrepios de memórias,
Ainda quentes e agonizantes na mente...
Não sei o que deve existir, melhor é partir!

Se o toque é intenso...
Se o cheiro não me sai do nariz,
Mesmo depois de um café amargo...
Não sei o que sentir, melhor desistir!

Se eu não sei o que sinto...
Ou acho melhor não saber o que existe,
De algum modo é forte, marcante e fica...
Mesmo não querendo, já está preso em mim!

E eu não sei o que fazer...
O que sentir...
O que dizer...
Não sei...
De hoje,
Ou o que amanhã eu farei...


Renata Netto.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Não há!

Onde você está?
Me chama para dançar,
Corre, me pega pela mão e me guia...
Rola na areia, fala bobagem..
Só para rirmos sem motivos!

Onde você está?
As rosas estão se fechando,
E não sou a mesma criança de antes...
As pedras crescem e parecem...
As torres que nos cercam!

Onde você está?
As borboletas dançam,
E esta noite queria ser igual a elas...
Quando tudo parece mais...
Vazio, sozinho, escuro!

Iria colorir a rua 
Com os meus rabiscos 
Lunares
Fantasiando nua
Todos os meus sentidos
Inefáveis

Onde você está?
Me chama para cantar,
Toca a guitarra dos velhos sonhos...
Para me fazer brincar...
Cria a ponte em nós!

Onde você está?
O cata-vento apressado gira,
Com vontade de me levar para longe...
O horizonte são holofotes,
Gigantes, mutantes, incitantes!

Onde você está?
As borboletas dançam,
E esta noite queria ser igual a elas..
Colorindo todo o jardim...
Do nosso íntimo mundo!

Iria soprar o sonho
Com as minhas forças
Estrelares
Mistificando cores
Com os meus segredos
Em teus nomes

Tantos nomes codificam um simples olhar...
Tantos mitos se escondem no que se ouviu falar...
E quando a magia encontra um meio de amar...
Não há... não há...
Onde você está?


Renata Netto.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Digerindo

Meu corpo dói na contorção dos teus gestos.
E minha boca saliva o néctar do teu desejo.
Me perco em um jogo de segundos,
Onde te vejo, interpreto e digiro...
Quando tomada por inteiro,
Sou chama que ascende em silêncio...
E os gemidos roucos de delírios...
Norteiam a direção dos sentidos,
Pulsando em um único objetivo:
Alcançar o ápice do prazer, juntos.

Renata Netto.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Cavalhada

Não conhecia o poder, a força de uma aventura.
Curiosidade aguçada e arranque em estocagem,
Desmorono de caráter, vulgar a pouco, à parte.
Cavalhada...
Acima, abaixo, no galope em velocidade...
A lança, a argola, preparadas para o ápice...
Cavalhada...

Poeira ao alto na realidade nua e crua da cena.
Voadas em galopes, saltam do peito, cospem...
Vulneráveis, atingem o veio talhado em carne.
Cavalhada...
Acima, abaixo, no galope em velocidade...
A lança, a argola, preparadas para o ápice...
Cavalhada...

Não conhecia o poder, a força de uma loucura.
Fui à fama e esculacho de uma longa trama,
Ora vil, ora sutil, à vontade da própria lama.
Cavalhada...
Acima, abaixo, no galope em velocidade...
A lança, a argola, preparadas para o ápice...
Cavalhada...

Renata Netto.

Tristeza vai e volta sempre

É como o vento que vem, que passa...
Como uma onda que quebra, chega a areia e volta...
A chuva que rapidamente aparece, molha e vai embora...
Mas as marcas sempre ficam, e vai não vai...
Sempre traz a mente cada sentido de compreensão...
Cada interpretação própria dos fatos...

E é assim, minha tristeza agora!

Renata Netto.

domingo, 18 de agosto de 2013

Propor-no dia!

Horizonte sem trilhas ou marcações,
Restrições, padrões, correções...
Para dançar é preciso apenas sentir...
E sem vergonha se permitir...
A se divertir, a ser mais feliz...
A música é quase uma oração
Do que se propõe a dizer...
Esclarecer, anunciar, denunciar...

Paradigmas sem conceitos ou direitos,
Restrições, padrões, correções...
Para transar é preciso apenas sentir...
E sem vergonha se permitir...
Ao se descobrir, a ser mais feliz...
E, o sexo é quase um ritual
Do que se propõe a ser...
Você, Atriz, Ninfeta, Megera...

Claro, tudo, dentro de suas proporções!

Renata Netto.


Instrumentalize

Acompanha-me melodia...
Não me deixe por nada, em nenhum instante,
Não me deixe acordar sem ti!

Em passos ritmados, guia-me...
Na beleza de tua sensibilidade,
Na coragem de teus versos,
Cheios de verdade e sentimentos...

Embala na nuance de mistério...
Que cada frase contra verso...
Uivo ou grito esconde em seu corpo...
Transvestido de ilusões doídas...

Carrega-me da mais pura leveza
De teus signos, liberdade,
Calmaria ou tempestade, turbulências...
Abriga-me de histórias de vida...

Música não me deixe na vida sem ti...
Seria um fardo, miséria de sensações...
Música não me deixe nem na morte
Porque na ausência você me trará de volta...

Em tantas mentes, em tantas memórias...
Histórias do meu eu, cantadas por aí...
Onde existir algo a ser dito, instrumentalize
Que a vida é para ser musicada sempre!

Renata Netto.

domingo, 11 de agosto de 2013

Deixe-me ir

Deixe-me submergir...
Nessa nata de amanhecer,
Configurando em mim
Uma nova chegada...

Deixe-me envolver...
Nesses tantos acordes,
Movendo meu corpo
Envolto de magia...

Não respondo por mim,
É algo que me tira de si.
Não tenho medo de ir,
É algo que me faz sorrir.

Deixe-me descobrir...
As mantas de tua face,
Surpreendendo-me
Com cada rosto...

Deixe-me percorrer...
Nas nuvens dos sonhos,
Conduzindo meu ser
A ilusão do prazer...

Não respondo por mim,
É algo que me tira de si.
Não tenho medo de ir,
É algo que me faz sorrir.

Renata Netto.



Destino traiçoeiro

Se o pesar fosse pouco,
O pensamento se retrairia.
Se a angústia fosse pouca,
O pulsar, constante, seria...

Mas não o é! É imenso e forte...
Submerge desejos a fio e cor...
E padece por não haver saída...

Mas é gritante! Ruim e trágico...
Amargo, seco, mais um lamento...
Onde não persiste a esperança...

Mas é um golpe do destino!
Tantas noites rotineiras, comuns...
Tempo passageiro, traiçoeiro...

Quando a possibilidade fluiu
O castelo inteiro desmorona,
Sucumbiu em febre e dor...

A vontade de estar...

terça-feira, 30 de julho de 2013

Rematurar

Todos os dias tento ser melhor do que fui ontem,
E muitos dias não consigo!
Todos os dias tento me sentir feliz por estar viva,
E tantos deles estive triste...

Todos os dias encontro um motivo bobo para rir,
Mesmo que tentem me fazer chorar...
Todos os dias vejo algo bom no gesto de alguém,
Mesmo que digam não existir esperança...

Todos os dias procuro corrigir minhas falhas,
Muitas vezes me frustro...
Outras descubro...

Todos os dias mergulho em minhas fantasias,
Muitas delas me envolvo...
Outras transformo...

Só não as deixo, delas meus sonhos crescem,
Delas semente vira fruto maduro...
Só não me deixo sem elas, nesse mundo real...
Sem elas me machuco mais,é tão maturo,
Que minha criança se inibe...

Renata Netto.

domingo, 21 de julho de 2013

Lorotando

Quem quiser que me julgue, critique,
Analise, xingue, não me leve a sério...
Quem quiser que me instrua, ensine,
Aconselhe, informe e me leve a sério...
Tudo que vier me serve, é motivo de reflexão...
Já o que retirar de cada um, cabe-me a escolha...
E acredite! Mesmo na falha sei que posso ser mais,
E melhor do que fui antes...
Aprendi que o erro é inevitável, 
Mas que é o começo de um novo acerto,
Mais árduo, doído, logo, mais bonito...
Tudo que se faz tem um retorno proporcional,
Seja para o bem ou para o mal...
Não há razão sem emoção e emoção sem razão...
Não precisa amar para respeitar o outro,
Mas é preciso compartilhar amor para não se perder,
Com a própria solidão, o próprio egoísmo...
Aprendi que credibilidade é uma maquiagem,
Uma imagem formada em exemplos circunstanciais...
O crédito é mensuração da importância que se dá,
Seja em valor, ou em sentido...
Então a palavra continua sendo: amor.
Aprendi que a maneira correta de se fazer as coisas
É a mais difícil, e é preciso antes de caráter, coragem...
De se abnegar, se limitar, se coibir, se controlar...
Apanhei muito nessa vida... Mas ainda foi pouco...
As quedas te instruem a ser mais atencioso, cuidadoso...
Sair da zona de conforto. Encarar os erros como aprendizado...
A se respeitar mais, entender melhor o outro,
Compreender que a vida não está para todos como um livro de matemática,
Cheios de respostas, nem como as regras dos homens, cheias de restrições...
A vida é a busca de quem se é...

Renata Netto


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Veneno solidão

Vôo de vento em popa, de popa em vento...
Vertigem no deserto, asas brancas entre as nuvens...
Povoa o universo aquela trama perversa...
Água que passarinho não bebe, no poço de teus bens...

É o veneno da solidão...

Pior que cachaça, pior que um vício.
A solidão te traz a tormenta da rejeição,
A negação de todo o potencial...
A remoção de parte do que se é.

O veneno da solidão...

Não queima, nem arde...
Não corta ou decepa...
Não perfura, nem torce,
Muito menos quebra...

Mas o veneno da solidão,
Nos cega, limita, nos nega...
Machuca como queda,
Dói como pedrada...
Aprisiona a cama sem doença...
Enlouquece sem alucinógenos...
Embriaga como o álcool...

Esse veneno nos distancia,
Divide, separa do certo e do errado...
Constrói muralhas, ilhas...
Faz crescer o amargo, deprecia,
Imobiliza, inutiliza, neutraliza,
Assassinos de nós mesmos...

Por tanto... Tomemos sempre doses de si mesmos...
Aprendamos a nos gostar como somos...
Gostar dos outros com respeito...
Amar a vida como se apresenta...
Aprendamos que a felicidade é uma opção de vida!
E não uma meta a se bater, sempre, no futuro. É presente!

Renata Netto.

Arranca e solta

Suando acordes, ritmados no sabor,
Recobrindo os lençóis outra hora despidos...
Soando elogios em suaves sussurros...

Arranca-me de mim, faz-me navegar em teu mar...
Suas ondas, marolas...
Me encaminha para areia...
Arder sobre os raios de sol,
Faz parte do teu abraço...
Teu desejo!

Roncando forte corre o grito
Se esconde o arrepio e libera o sopro...
Sutil envolve todo o corpo...

Arranca-se para mim, faz-se sonho em rio...
Contínuo, às vezes intenso...
Outras calmo e tranquilo...
Profundo ou raso, lúdico...
Paisagem do mais natural...
Gozo teu!

Renata Netto.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Única variação comum

No pingo da chuva que cai no chão
Reluz cor, saudade e um pouco de dor
No espaço onde se expandiu a água
Nem memória ficou quando a outra gota
Pingou

Apagou a marca que era da outra...
Como os segundos que passam e não voltam...
Cada oportunidade, cada escolha, renúncia...
É um pouco do que se leva, e do que fica...
Ecoou

Suspendeu no tempo-espaço um registro,
Que só quem presenciou, sentiu, enxergou...
Como o momento do encontro dos olhos,
Da pele e apresentação do tato, do gosto...
Bom

Como aquele mesmo pingo disfarçado de outro.
Vem, pinga, se espalha no solo e apaga aquela antiga marca...
Mas dentre milhões de pingos de tanta chuva,
Apenas o pingo que enxergou, sentiu, será lembrado sempre como...
Único

E assim, costumamos acreditar que nossas escolhas são únicas...
Onde na verdade, foi apenas uma opção de várias escolhas disponíveis,
Regidas por interesses pessoais, conceitos formados, padrões...
E quando tudo se esquece e apenas se vive, a liberdade é pequena, 
Variável

Renata Netto

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Olhos de vidro

Os olhos de vidro pairam sobre o cristal.
Pronto, é luz, vida, magia, cores...
Os olhos de vidro se quebram no final.
Ponto, é cruz, dor, angústia, cacos...

Os olhos de vidro avistaram de dentro para fora.
Tudo fluiu, concluiu, consolidou, enalteceu...
Os olhos de vidro trincaram naquele grito d'alma.
Nada partiu, saiu, passou, sem o dito apogeu...

Os olhos de vidro não eram de simples trato,
Eram temperados de calor...
Os olhos de vidro não eram transparentes,
Eram eles, leitosos de amor...

Renata Netto.

sábado, 22 de junho de 2013

Porta

Um pórtico de acesso, restringe e amplia.
Simbologia de oportunidades, novos horizontes...
De sua matéria bruta, respira origem, veio, vida,
Como se a árvore lá fora, estivesse mais próxima...
Onde se vai ao encontro, onde se despede.
Onde chega a notícia boa e logo vai embora...
Por onde chegam até sua intimidade mais particular.
Te protege do que não te pertence em matéria ou sangue...
E a batem, nos dias de raiva, e se encostam, nas nostalgias.
Divide e unifica, a partir dela, cada ambiente é diferente,
Uma novidade, uma surpresa, um encontro ou desencontro...
Te esconde quando preciso, te isola quando regride,
Te solta quando és livre, te consola quando triste...
Antes de tudo, respira a memória de uma época e a ultrapassa.
E como a vida, posso repaginar, transformar,
Quantas vezes quiser e poder!

Renata Netto.

sábado, 15 de junho de 2013

Ao céu

Olhe os rios a margear os leitos...
É como gostaria que sua pele encostasse na minha!
Suave, despertando calafrios, arrepios...
Água que corre e pulsa como fonte de energia da vida...
Me invadindo com a força de uma cachoeira,
Devastando minha flora, agredindo meus sentidos...
Até sangrar em fluidos naturais em seus veios...
Voltando, lentamente, a harmonia orgânica
Até reportar ao céu toda a irracionalidade do instinto.

Renata Netto.

Fundição

Apresente-se, e só é preciso monólogos, para tudo fervilhar...
Como pipoca na panela quente, saltitantes, pulsam as veias.
Um frio ligeiro corre pela barriga, caindo a baixo, contrações,
Que contorcem, faz ofegar, alimentando a memória de imagens,
Velhas e novas, surgindo sem cessar, desfocando prioridades.
Puramente instintivo, quebra-cabeça, que disperso se encontra,
Se encaixa, sem muitas palavras, sem esperar nada em troca...
Apenas se fundi, o querer, o desejo, o olhar, o cheiro e o gozo.

Renata Netto.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Oculto

Enquanto chove... rios de sonetos!
Enquanto sol... cachoeiras de frevos!
Enquanto frio... os rios de sonetos são cachoeiras de frevos passados...
Enquanto calor... as cachoeiras transformam-se em rios cheios de frevos cantados nos leitos como sonetos...

Harmonizando o equilíbrio cíclico da vida,
Unindo as faces, os pontos, as entradas...
Os começos, as retiradas...
Sensações armazenadas...
Em caixas secretas.
Lá onde tudo
É oculto...

Segundo, segundo, segundo...

domingo, 26 de maio de 2013

Suco

Cobre-me com o teu calor,
Agarra-me com todo o suor,
Lambe meu dorso sem pudor,
Contenta-me com teu sabor...
Me faz massa crua no ponto,
No granito frio, sem dó,
Mas com todo o ardor...
Percorre meus sentidos...
Sem direção, nem trajeto fixo.
Me fecha e me abre sem zelo,
Que o rasgo do teu palavreado baixo,
Afeta meus instintos primitivos...
Silencia-me em infinito,
O suco soberbo de desejo...
Escorrendo em meu peito,
Rio branco de cortejos...

Renata Netto.

Deliciar-se

No meu desejo enxergo tantas possibilidades...
De ser quem sou, de ser quem não sou tantas e tantas vezes...
Do meu desejo eu me visto inteira, para ser quem quiser que seja...
Desse desejo me descubro a cada dia uma outra mulher...
Renovada, carregada, ou, apenas uma mulher envolta em êxtase...
E se deste desejo eu tivesse que fazer uma prece, eu a faria...
Me despindo de toda a sabedoria, de toda a sanidade...
De tudo que seja regras, padrões, esteriótipos...
Faria neblina de ar quente, com luzes incandescentes,
Debruçaria a língua no adorno das fantasias...
Rezaria o terço da metade sensorial que se faz perecer,
As tentações que não me deixam esquecer você...

Renata Netto.

Curta alegria

Cobrir-se em lençóis de seda
Retirando-os aos poucos
Acariciando o corpo, suave,
Devagar, em êxtase lunar

Cortinas de penas a escovar o corpo
Massageando o espírito
Acordando os instintos mais insanos,
Mais gostosos, plenos...

Levita no ar a calma de se deixar
Envolver nas ondas mansas
De um mar-piscina sobre a areia
Fina, polvilhada de alegrias...

Renata Netto.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dentro me perco

Eu nem sei mais o que sinto
Se faz chuva ou sol
Faz eco lá dentro...

Como um cofre, preciso
De uma chave para libertar
O que habita lá dentro...

Eu nem sei o que estou fazendo
Mas faço porque se parar
Tenho a certeza que me perco...

No redemoinho de pensamentos,
Das questões sem solução,
Dos dias nulos e vazios,
Perdidos de sentido e amor.
Distantes de quem sou...
Pedaço obscuro de mim...

Renata Netto.

domingo, 19 de maio de 2013

Pessoas de guarra e coração

Enquanto a ciranda de roda embala a mente,
Memórias, ondas de sensações que sem cessar
Lançam uma tristeza doce, cheia de alegrias...

Ali naquele lugar tão cheio de nada, onde nada
Era o motivo de tudo, de abraçar o mundo,
De conter o medo, insegurança e ter esperança...

Flores brotaram em terras secas, resistiram a ausência
Da água e ao excesso de calor, desabrocharam,
E expõem toda beleza, delicadeza em ambiente áspero...

E assim elas lutam até deixarem sementes pelo mundo!
Até que o solo rachado se mostre fértil outra vez!

Renata Netto.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

+ vida!

Renovando a alma...
Colhendo bons frutos...
Semeando carinho...

A vida  prepara o leque...
Em seus veios mais distintos.
Nos mostra as ferramentas...
Nos apresenta meios...
Pessoas...
Anjos!

Renovando a mente...
Reaprendendo de novo...
Chamando-me para mim...

A vida nos dá tudo!
Nós que demoramos a enxergar!


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Meu pequeno!

Sorriso grande, imenso, cheio de luz...
Me guia mesmo sem consciência formada.
Me diverte com coisas tão pequenas e bobas...
Me ensina tanto sem nem ao menos saber escrever e ler.
Quando sua leveza me encontra me transfiro para ela.
É imediato, sincero, no ato...
O amor que esborra deste pequeno abraço,
Desses pequenos lábios, pequenas mãos,
Pequenos pés...
Tão pequeno em seu formato, em seus passos.
Tão pequeno em tamanho...
Mas imensamente intenso, verdadeiramente lindo...
Entorpecente da alma... Que em segundos tudo transforma.
Meu pequeno, grande amor...
Meu filho!


Renata Netto.

domingo, 5 de maio de 2013

Pinga-chuva

Chuva chuvendo frio provocando arrepios na alma,
Enquanto que a calma não vem fazer abrigo...
Chove chuvendo rio arrastando as raízes da terra,
Enquanto que a lama vem cobrindo vazios...

Pinga, pigando, pingo que brilha aos raios de luz
Luzindo, arco-íris, cores de vida em milhões de pingos
Assim como sorrisos de criança de pura alegria

Pinga, pingando, pingo que brilha à luz do sol
Incandescente, chama, que ativa o barulho do mundo
Assim como a chuva é chama crescente de calor

Renata Netto.

Dia de chuva!

Enquanto tudo brilha naquele fundo
Que habita um pobre miserável,
Largado no mundo para ser mais forte...

As luzes inventadas daquelas mãos
Criam feixes que apontam vis
Para a naturalidade mais luzente...

A solar...
Girassóis, ouro, olho teu.
Encarnado e sangue vivo,
Rabiscos de puro desejo.

A solar...
Nave espacial, prata, língua tua.
Flutuada e experimentada nua,
Deitada sobre lençóis azuis...

Enquanto do outro lado o rio segue,
O abismo é a cachoeira nobre.
Fadada a encontrar o seio de terra.

A corrente criada de pensamentos...
Leva ou salva uma lógica crua.
Acabada onde a água for enxuta.

A solar...
Notas suaves, pele, teu corpo.
Encrustado e sentido roto,
Quadros vermelho-roxo.

A solar...
Quantidade, números, teus códigos...
Enganados quando com medo,
Abaixo de todos os seus rostos...

Hoje o sol não saiu...


Renata Netto.

Enquanto viver em mim...

Como pode alguém de tanta sensibilidade
Aprender a ser fria?
Como pode alguém ser tão livre
Presa a mentiras?
Como pode alguém ter tantos sonhos
E só pensar em um apenas...

Como pode o tempo nos fazer de marionetes, sendo nós os protagonistas da nossa história?
Como pode o espaço nos fazer tão próximos, mesmo distantes?
Como pode o dia ter sol, se por dentro habita uma grande tempestade?
Como pode a vida ser tão bela, mesmo diante do caos, da tristeza, da dor?

Só uma criação foi perfeita no mundo: o amor!

O amor concerta, restaura, aquece, levanta, luta, grita, evolui, constrói...
E ainda assim, existe tanta gente que enxerga, e não consegue sentir amor!

Obrigada a vida por ser vida enquanto vivo cada segundo de tudo o que a vida pode viver em mim!

Renata Netto.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

E pum! Estourou!

E na memória está guardado tudo que quis sentir mais uma vez...
Em silêncio, com sorriso leve no rosto e suspiros profundos...
E na mente está projetado tudo que poderia ser e nunca será...
Em silêncio, me invade aos poucos fazendo levitar enquanto é
Um sonho... mirabolante...

Bola de sabão, tão frágil, tão linda...
E estoura na palma da mão...
Bola de sabão, tão bela, tão instável...
Estoura na mão...


segunda-feira, 29 de abril de 2013

Muitos, mas sem escolha.

Na vida nós temos vários amores...
Seja alguém, seja um instrumento, uma canção...
Seja uma flor, conhecimento, seja o que for...
Na vida nós temos vários amores...
Cabe a nós saber dividir-nos, ter tempo para amar
Nos repartir e escolher o melhor amor...
O que se quer amar, e se deixar amar...
Mas na vida, há tantos amores...
Tem lugares, um vinho, um parto...
O filho, a tio, o primo, cunhado...
Na vida temos muitos amores...
O amor comedido,
O amor sem sentido,
O amor dividido,
O amor consentido,
O amor partilhado,
Inventado...
O amor inconsciente,
O amor científico,
O amor súbito,
O amor mascarado,
O amor requentado,
Real
Um dia me falaram que amar alguém é uma escolha...
Para mim, o amor nunca foi uma escolha...
Nasce e brota, como semente. E só cresce quando aguado.
Nunca escolhi quem amei!

Renata Netto.


Amor...

E a vida que nos cabe é o amor que compartilhamos, tudo aquilo que doamos sem esperar nada em troca... Também, tudo aquilo que fazemos com amor por ou para o próximo, e que não seja precisamente caridade... 
Só precisa ser amor para marcar, ficar e sentir... 
A única coisa que temos certeza desde que nascemos é a que um dia iremos partir... E mesmo sabendo disso, gastamos tanto tempo com o que não se tem valor, onde não existe amor, onde não tem amor nem para si mesmos!
Brindemos ao amor, esse que nos faz se sentir bem consigo, com as outras pessoas, ser inteiro... Vivendo o amor aprendemos a ser tolerantes, prestativos, atenciosos, verdadeiros, companheiros, a cuidar...
E desse cuidado nasce toda esperança do mundo...
Que tenha amor, que seja amor, sempre! Que toda a tristeza seja consolada no caloroso abraço do amor...


Nos perdemos tantas e tantas vezes... Brigamos, ficamos tristes, mas não paramos para refletir sobre nós... Nesses tempos de desvalorização humana... Buscamos mais que antes o amor. Porém, estamos tão distantes de quem somos, que ao menos sabemos o que é que realmente nos faz felizes!

Renata Netto.

domingo, 28 de abril de 2013

Ao aguardo da próxima fase


Aguardando lua nova
No coração
A quase desaparecer.

Festejam em mim cores,
Em chamas,
Pedindo uma canção.

Aguardando a lua cheia
No vil porão
A quase desentender.

Dançam em mim dores,
Em feixes,
Pedindo mais razão.

O que apaixona na lua
São as fases,
O humor das sensações.

Incita regras, assim como
Nas marés.
Ah! Se esses ciclos fosse reger...

Renata Netto.

Reza da Fortaleza


E quando eu for saudade,
Que faça sol!
E quando eu for neblina,
Me faço rir!
E quando o amor chegar,
Me faça moradia!

E quando eu for tristeza,
Que faça fervor!
E quando eu for dúvida,
Me faço certeza!
E quando o medo chegar,
Me faça fortaleza!

Que de todas as pobrezas,
Nasçam as riquezas!
E que de todas as palavras,
Escolha a esperança!
Da paixão ter a saliência,
De habitar vida!

Renata Netto.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sempre viver

Quando as noites eram tristes por dentro
Rasgava o tecido por baixo da pele
E arrancava de mim aqueles últimos risos
De uma felicidade que soava pobre

Quando os risos me faltavam em arquivo
Buscava nas memórias saudosas
Aquele brilho ingênuo de menina em flor
Brotando beleza entre as flautas

Quando distante de tudo que me fazia ser
Forte, determinada, segura de si
Deixei me levar por estações da lua, marés
Que rebentavam em cima de mim

Sempre...
Sempre...
Até que me abracei...
Me beijei...
Espelhei
Vivi...

domingo, 14 de abril de 2013

Réplica da resposta do corpo


Se não for visto de perto, longe alcança o céu
Próximo ao erro, falha e defeito
Ninguém chega a ser tão perfeito...

É assim na realidade dos falsos sentimentos:
Confundindo prazer, zelo e amor,
Contando uma história ao contrário.

Que tudo volta a ser tão natural, esperado,
Constante na não conformidade.
Que passamos a ter a manha do jogo.

Renata Netto

Resposta do corpo

Largados a umidade transpirada de nossos corpos...
Encharcando lençóis, espumas e molas.
Impregnando cheiros na roupa, nas toalhas...

Atentos ao tratar da ocasião, do modelo, do tipo.
Estilizando nomes, pronomes e falas.
Arrancando vontades nos gestos, nas forças...

Soltos ao relento da liberdade áurea dos tempos...
Observando nada mais que os olhos,
Transgredindo a razão pura dos sentidos.

Renata Netto



+ Música!

http://palcomp3.com/renatanetto/album/82330/

A música Novo Carnaval foi uma crítica ao estilo de vida que as pessoas estão adotando para si, tornando-se cada vez mais vazia e sem significado, afetando assim não só a estrutura familiar como também o meio social que habitam. Na música, trato do termo Carnaval de duas maneiras, a primeira representa festa, apresentado no refrão da música, e a segunda, que se mostra no verso final da música, remete-se ao real significado de carnaval que é “a idéia de ‘afastamento’ dos prazeres da carne marcado pela expressão ‘carne vale’, que, acabou por formar a palavra ‘carnaval’”.
         O meu intuito é deixar visível que toda a tecnologia que temos a disposição poderia ser melhor utilizada do que a usamos e que os veículos de comunicação podem ser mais que entretenimento, que resgatar a história do nosso lugar de origem também é resgatar nossas vidas, nossa memória. A vida é o que nós fizemos dela ou deixamos que fizessem.

sábado, 13 de abril de 2013

Foi assim...

Como um mar aberto envolto em seus mistérios noturnos,
Diante da lua e das estrelas, o barulho das ondas quebrando sem cessar...
Paisagem paradisíaca, braços de desejo, olhos invasivos.
E apenas a vontade de banhar-me dele...
Distraindo-me entre rios, lagos, açudes e poços, deixei-lo.
Visitava-o durante o dia, quando o sol iluminava seu espelho d’água...
Horas forte, horas comum, foi passando o tal do tempo.
E apenas a vontade de banhar-me dele...
Quando a vida passou a ser mais dura, meus pés o procuravam...
Um chão úmido, lençol o qual passeava meu corpo, em súbito prazer.
Sensações, surpresas, compatibilidades, espelho, visão, foco.
E apenas a vontade não bastava após o banho...
Após passear pelas margens de quem seria, veio á tona o querer...
Descobrir em si esse mar em suas dimensões mais íntimas.
Completas de verdade ao navegar em um barco à vela sem motor...
E apenas querer compreender o que o faz tão belo...
Pesquisar seus organismos, células, a vida que o habita e exporta...
Porém, enxerguei o quanto fui pequena, medrosa e cega,
Em não mergulhar de corpo e mente aberto, e te encontrar a nado...
E só agora desvendei o mistério que não quis enxergar...
E só agora vejo que houve uma única oportunidade de mudar...
E só agora entendi que a lua rege o mar assim como o leme o barco...
E agora... Como esquecer o mar?
Se o mar faz parte de mim?
E agora?

terça-feira, 26 de março de 2013

Simples assim!

Cansaço de pensar demais... fantasiar demais
Olá, vida real! Estou aqui pronta para ser levada...
Abduzir, carregar, ou simplesmente ser deixada.
Estou farta de meias verdades, da minha covardia...

Estou farta... de tanta coisa que desconheço!
Quero passar a andar em um mundo florescido
De esperanças novas todos os dias, porque
Elas andavam distantes de mim por esses dias...

Quero voltar a ser quem era.
Sonhos, verdade, coragem,
Força, guarra, vontade...
Chega de achismos...

Quero voltar a ser quem era.
Sem as sequelas dos sonhos
perdidos, e dos deixados
Pelos velhos caminhos...

Quero ser eu apenas,
Sem pensar no que sou
Para quem eu quisera...

Renata Netto.

Trolando


Quando cedo for o teu apagar, 
Meu corpo não resistirá...
Aquela memória boa de estar
Sempre aberta a ousar...
Quando tarde for o meu partir
Minha mente dividirá...
Aquilo que era presente de ti
Nos acordes a solar...

Assim, como uma música boa
Que nos transporta para algum lugar
Assim, como um sonho bom
Que acorde querendo voltar a sonhar

Quando tempo fizer vontade de voltar,
Os momentos serão tristeza
Quando nula for a pressa de se doar,
A ausência da falta é certeza

Corre só nesse caminho de nó
Que o laço só deslaça quando
Se sente só... mas inteira de si

Corre só nesse polvilho de milho
Que espalha pó por onde passa,
Melhor só... mas, cheia de ti

No descompasso desses versos
O embaralho é nervoso 
Cuidado com o jogo de mistérios
Que o engano é certo

Renata Netto.

quarta-feira, 20 de março de 2013

No céu de pouca luz, tantas luzes compõe a paisagem...
Que atraem tantos olhares angustiados, sofridos...
Buscando naqueles enfeites naturais, esperanças, sonhos inventados...
Atraem olhos aflitos de paixão não correspondida...
Atraem corações apaixonados a flertarem em cordéis encantados...
Consolida e desestabiliza certezas...
Confunde e desembaraça dúvidas...
Olhar para o céu estrelado, uma oração íntima consigo mesmo...
Uma relação natural de busca sobre o que nos rege...
De maneira a não nos sentirmos tão perdidos...
Tão sozinhos!

Renata Netto.

Certificado

Foi preciso repartir-me,
Colocar-me a prova.
Para entender até onde iria.
Foi preciso dividir-me,
Colorir-me de mentira.
Para a coragem me levar.

E na vida a labuta é o equilíbrio.
A liberdade o perigo.
E na saudade o amor é conforto.
A loucura é um elo,
Entre o que você quer e se pode fazer.
Geralmente nulo,
De convenções e nomenclaturas.

Foi preciso desfazer-me,
Deixar-me soberba
De tudo que me abrigava.
Foi preciso expor-me,
Esclarecer-me de verdade
Para ter certeza do que era!

Renata Netto


quarta-feira, 13 de março de 2013

...

O segredo do beijo calou o universo que pulsava forte no peito, no instante em que enxergou o extremo poder de querer...
O silêncio gritou ao vento folhas secas em canto, como se o ar fosse feito de linhas transparentes com megafones disfarçados de pássaros...
Cifras, códigos, moedas, sinais que flutuam em berço de cerco em ambos os lados, calados... confundem, enganam, traem...

Interpretação!


Aquele doce olhar, com lábios vermelhos, cabelos cacheados, corpo esguio, sorriso aberto... não fala tudo que habita em si como se é...
Muito se guarda, muito não se fala, muito não se passa, muito não se tem acesso ou escada, nem fadas, nem anjos, nem bruxas...
Naqueles versos cheios de verdade, só a ilusão os preenchem... só o amor os consola, pela vida, por si, pelo mundo, por aquele que não volta...
O amor que tenta guardar para si é pouco, ele se expande pelo horizonte, quando caminha, corre, cai e levanta...
O amor que esconde é para si, muito, sólido, árduo, concreto e fértil de sonhos, imaginação, simplicidade...
Aqueles que não tem paciência de escutar, não sabem...
Aqueles que não tem tempo de esperar, não entendem...
A pureza existe dentro da verdade...


sábado, 9 de março de 2013

Conveniente


Enquanto o tempo for momento
Enquanto a distância for motivo
Enquanto a saudade for instinto
Enquanto o espaço for dividido
Enquanto o seu eu não for incômodo

Conveniência...
Dama de conveniência...
Senhor de conveniência...
Conveniência...

Enquanto der para ser quem não se é de verdade
Enquanto der para mascarar a busca da irrealidade
Enquanto der para encher-se de mentiras doces
Enquanto der para disfarçar o contrário de forte...
Enquanto der para dizer falsamente que é felicidade

Conveniência...
Dama de conveniência...
Senhor de conveniência...
Conveniência...

terça-feira, 5 de março de 2013

Embriaguez

O credo morreu no mistério.
Na dúvida que me sorriu
Ontem a noite, quando deitei.
O santo anjo me guardou,
Iluminou, não governou...

E assim quando o sol pairou
Sobre a minha janela
Fiz tudo ao contrário do que era

E assim quando a lua encontrou
A minha ampla janela
Fiz tudo a mercê do que quisera

E assim quando o tempo tombou
Ao pular minha janela
Fiz tudo para anteceder a miséria

Das poucas migalhas no chão.
Da labuta árdua indesejada,
Controversista de minha gana.
Minha deusa mensageira,
Negou-me, o traçado...

E assim quando o lápis quebrou
Sobre minha mesa
Fiz tudo recomeçar outra vez

E assim quando a borracha faltou
Sobre minhas mãos
Fiz tudo repondo folhas por vez

E assim quando o papel acabou
Sobre minha visão
Fiz tudo projetado na lucidez



Renata Netto.

Versos de ninar

Foi só você chegar
Que a espera
Fez compensar
Foi só você brilhar
Que a noite
Se fez luar
Foi só você cantar
Que a música
Fez dançar
Foi só você chegar
Na hora
De ser meu par

E agora perto
É sonhar
E agora longe
É chorar
Agora é sol
Pra ficar
Agora chove
Pra molhar
Agora corre
Até o mar
O meu amor
Para beijar
Azul

Renata Netto

Meu primeiro samba

Foi quando fiz meu primeiro samba que percebi
Que você foi embora
Daquela janela
De dentro

Fechou-se a porta com o pé de vento que deu
Voaram as folhas, os lápis, os desenhos, as canções...
Os segredos que por muito tempo foram só meus

No silêncio do abrigo escuro, só a fresta de luz
Daquela janela que iluminava o vão do meu peito
Permanecia como o tempo no passado que reluz

Foi quando fiz meu primeiro samba que entendi
Que você foi embora
Daquela janela
De dentro


sexta-feira, 1 de março de 2013

Seu mar, onde paira a luz

Não sei dizer bem ao certo quando aquele mar me encontrou...
Ou se fui eu quem o encontrou?
Na verdade, simplesmente, veio me banhar o corpo, e ficou...
Ou fui eu que mergulhei nele?
Sinceramente, acho que dei uma força para que a lua fosse cheia...
Para deixar nítido o brilho que levava ao caminho das tuas ondas...
Maré alta, noite mansa, lua clara, vida, em tons de azul...
Igual as cores que te compõem, nessa mescla luzente de paz...
Que o sol realça com sua luz...

Renata Netto

Ficha errada

Se eu pudesse falar o que em meu peito cala
Talvez te dissesse, sim, estou com medo!
Porque não é de hoje que sinto algo estranho
Não sei se realmente estou te perdendo,
Ou se sou eu que estou mudando de repente.
Enfim, mastiguei tanta coisa por dentro,
Passei tanto tempo pensando e pouco fazendo.
O porque que as coisas acontecem,
Tem haver com nossas decisões ou ausência delas...
Passei tanto tempo perdida, que não sei...
Se me reencontrei... Se ficou algum pedaço pela estrada,
Se ainda trago comigo aqueles velhos valores...
Hoje, depois de muito tempo brigando comigo mesma,
Descobri que fui eu mesma quem atrasou minha vida...
Descobri que enquanto eu pensava sobre o que fazer,
Era para estar fazendo e que quando ressentia,
Era para prosseguir firme com a minha escolha...
Mas não fui forte o suficiente, ou, por medo, mais uma vez...
Me segurei em alguém que achava ser mais forte que eu...
E apostei todas as minhas fichas nela...


Renata Netto

Baile iluminado

Ela vem lá de longe com seus passos suaves.
Parece mais um cisne em um lago cristalino
Com toda sua graça estampada em um sorriso.
Se aproxima devagar e flutua entre as nuvens
Sem sair do chão...

Parece uma borboleta em cores ao dançar.
Seus pés suspendem sua alma transparente
Como se o tempo não fosse mais presente.
E só ditasse o ritmo de seu coração no ar
Sentindo o vento passar...

Em cada rodopio, com braços estendidos,
Reverenciando o céu estrelado...
Com corpo aberto à luz,
Lua dessa noite tão feliz!

Em instantes tu roubaste dos astros no céu,
Todo o brilho, toda intensidade
E fizeste de instantes...
Um baile iluminado!

Ela vem bem perto com seu jeito faceiro.
Parece mais uma fera observando a caça.
Tem horas que distrai, e outras me mata
Com todo o encanto do mês de fevereiro,
Solta os cabelos...

Parece uma Fênix voando raso a minha volta.
Sinalizando entrega, com olhos vis faiscantes.
Lençol fino e macio, seus braços deslizantes.
Cobre meu corpo e alma em êxtase de alegria
E viva!


Em cada rodopio, com braços estendidos,
Reverenciando o céu estrelado...
Com corpo aberto à luz,
Lua dessa noite tão feliz!

Em instantes tu roubaste dos astros no céu,
Todo o brilho, toda intensidade
E fizeste de instantes...
Um baile iluminado!



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Luz calada

Quantos momentos eu quis...
Quantas dúvidas me assombram...
Na verdade ainda há chama
Que não quer calar.

Silencia a boca, mastiga memórias,
Ingeri felicidade, para expulsar
Sonhos enfatizados de ilusão

Quantas noites não dormi...
Acordando você das cinzas...
Na verdade ainda há luz
Que não quer apagar.

Brilha de longe, atrai pensamentos,
Incita desejos, para distrair a razão
Da beleza que é a imaginação

Renata Netto.

In - Mar


Não sei se foi o vento ou a lua...
Tornou o mar profundo e raso...
Tão raso, que meu corpo deitado,
Em areia fina, à luz do sol, espera
Vir banhar-me outra vez tuas águas.
Tão profundo, que meus pensamentos,
Às vezes, se perdem nesse vai e vem
De ondas que me submergem...
No direito de dizer, e ao mesmo tempo,
De me esconder, me proteger...
Inconstante mar, mar inebriante.
Insolente mar, mar turbulento.
Infinito mar, mar de azuis gritantes.
Tormenta vem à noite, soprando limites.
Que muitas vezes quis ultrapassar,
Ser levada pela corrente...
Para onde quiser me alcançar...
E parar de novo em terra firme.
Para reaprender a nadar, mais uma vez.

Renata Netto.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Reflexão!

Quem a memória traz nunca se esqueceu, permanece no seu eu até que um dia não lembre mais.

Renata Netto.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Porque Deus?

Deus, você sabe que minha batalha nem começou.
Deus, você sabe quão forte eu sou!
Passam dias e eu percebo...
Enquanto insola peitos outros fazem cristais de água
Sobre lençóis de areia fina...
Cobrindo corpos ao luar...


Deus, você sabe que minha batalha nem começou
Deus, você sabe quão forte eu sou!
Passam noites e eu percebo...
As folhas voando para longe, soprando os contos
Sobre as tempestades arrasadoras...
Subterrando vidas em vão...

Deus você sabe...
Há amor... terno amor
Entre os corpos sem coração
Há amor... árduo amor
Entre os corpos sem razão
E porque meu Deus existe tanto desamor?

Talvez Deus, sua perfeição...
Realmente distante dos corações humanos
Seja algo muito desafiador
Para seres imperfeitos de corações retalhados...

Talvez eu diga muita bobagem...
Mas todo homem deveria entender
Que bom mesmo é o amor de viver
E não de morrer...


Deus você sabe...
Há amor... terno amor
Entre os corpos sem coração
Há amor... árduo amor
Entre os corpos sem razão

Renata Netto.


Hoje nada será triste.

Hoje não faz nenhum sentido se atirar ao vento...
Nada conduzirá a infelicidade ou azar.
Hoje é dia de festa na minha mente, meu corpo...
Nada afetará meus bons pensamentos.
Hoje é dia de ir ao encontro do mar profundo...
Nada atingirá as marés, nem a lua.
Hoje é dia da mais insana alegria de se aventurar...
Nada será tão monótono, nem o ar.
Hoje me encontrarei com a minha outra face...
Nada interferirá, nem eu mesma.

Renata Netto. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Lençóis e calor

O sol veio me acordar com seus raios quentes,
Insolentes, insanos, envolventes...
Atravessou o cobertor, roçando minhas pernas,
Entre os lençóis, pele e o calor...

De repente meu corpo todo se contorcia na cama,
Como violino tocando o dia ensolarado de verão.
O único estímulo de vida me tocando, ao acordar

Era como nadar em um rio de águas mornas, nua,
Sentindo a água de leve submergindo o meu corpo...
Na cor nude, se misturando com a areia molhada.

E assim como um estalo de um galho seco,
O frio retornou ao meu corpo...
Fazendo despertar completamente do gozo,
Entre os lençóis, pele e o calor...


Renata Netto.

Hoje, aqueles dias!

Se tudo o que me perturba hoje viesse a explodir!
Hoje seria o dia!
Minha cabeça tá pesada e ao mesmo tempo vazia!
Hoje é o dia!
Meu corpo parece estar enfadado, de pouco cansaço!
Hoje seria o dia!
Tudo em volta conspirando para as minhas neuras!
Hoje é dia!
Meus pensamentos estão brigando entre si, sem parar!
Hoje seria o dia!
Minha pele parece estar seca, meu cabelo também!
Hoje é dia!
Até as maiores responsabilidades parecem ser nada!
Hoje seria o dia!
Até as coisas que devia fazer hoje estão sem perspectiva!
Hoje é dia!
Se tudo o que me consome hoje viesse a explodir...
Sobraria quase nada de mim...
Hoje seria o dia!
Sobras de mim...
Hoje é dia...
de mim...

Renata Netto

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Desabafo

Eu não sei que espécie de amor é esse?
Que machuca tanto agente...
Que destrói o coração,
Já pisado de tantas quedas,
Já pesado de tantas dores,
No chão!

Eu não sei o que tanto fiz de errado?
Se o meu erro foi tentar...
Ser prestativa e sorridente
Para quem não me dá valor,
Para quem acha que não sou capaz.
Cansei!

Tantas vezes eu me meti em coisas,
Só para agradar e mostrar serviço,
Só para chamar sua atenção.
O que eu podia fazer por você, fiz.
O que você significava para mim, muito.
Pra quê?

Não adiantou nada
Eu adiar meus sonhos,
Guardar para mim o que queria
Fazer ou conquistar...

Não serviu de nada
Toda a minha busca de valor
Pois eu perdi o meu colocando
Você sempre a frente...
De mim!

Meu erro foi...
Deixar que você fizesse de mim o que queria
Na hora e lugar que quisesse!
Por achar que não era amada,
Por achar que não era capaz,
Por achar que não era possível,
Por achar que não devia ser...
Você fez com que não acreditasse em mim mesma!

Porque você me condicionou a isso, sem sentir.
Como se eu fosse um animal domesticado...sem vontades.
Que tivesse sempre que seguir o que manda,
Que tivesse sempre que calar no seu erro,
Sem diálogo do certo ou errado,
Ou você está certo ou eu estou errada.

Hoje vejo tudo o que deixei passar
E sim, o meu erro maior foi...
Não ter imposto o que sou!

Não deixe jamais de ser quem é e buscar o que realmente quer para si!
Não mude seu jeito, não remodele seus sonhos, siga sempre seu coração!

Renata Netto.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Enquanto tempo tiver e for!


Enquanto é cedo...
Chove em flores as cores...
Do verão que veio me abraçar...
Tão tarde que já era frio...
A tempestade a minha volta suava arrepios...

Enquanto é cedo...
Para dançar nas ondas do mar...
Espero passar a corrente de lá...
Flutuo com a brisa, maresia no ar...
E era tão tarde...
Para voltar e dar o rosto ao vento...
Sentir a vida vivendo em mim, no tempo
Presente, tão ausente do que fui lá atrás...

Enquanto é cedo...
Aprisionados nas novidades do mundo, do conhecimento...
Lá fora a vida segue tão distante de nós, e perto demais...
Perto para, quando tarde for, vier te mostrar...
Cedo já foi, tarde já é...
Mas sempre corremos contra nós mesmos!

Renata Netto.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Tempoje!

Nos espasmos do teu corpo tem um dedo de álcool,
Um braço de mel e uma cabeça de aço.
Encontra-se apenas teu ego, desejo, tua insana vontade...
E se volta para o mundo como armadura
Inoxidável.

As sobras das tuas mágoas permanecem estáticas
Na mente, não em suas atitudes com o mundo.
Para e repara nas coisas que apenas a si interessa
Como se não bastasse tudo o que experimenta,
Intangível.

Você se afasta no intuito de querer menos e assim...
Tocar menos, cantar menos, dançar menos...
Almas perdidas em seus próprios medos, inseguranças...
O mal do mundo ausência de ser quem realmente se é...
Ou era? Ou será? Tudo hoje é vulto...
Passa ligeiro, não pode perder o tempo...
Tempo que passa correndo, como aquele beijo contente,
Demorado, porém tão apressado para partida.

Temos medo do tempo que pode nos faltar a qualquer hora!

Renata Netto.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Aquela estrela!

Eu fiz uma viagem até as nuvens
E encontrei a mais bela estrela
Me chamando.
Cheguei bem perto e me assustei,
Porque de longe era apenas bela,
Mas de perto...
Era a fórmula mágica da unidade.
Você brilha por dentro e por fora.
E agora?
Desci à Terra, para esquece-la.
Mas como, se toda noite está ali
Olhando para mim?
Guiando meus gestos antes de dormir.
Invadindo meus sonhos, meu ego,
Afentando-me
De tal maneira que tremo de medo
E me afasto toda vez que me sinto
Perto dela denovo!

Renata Netto.