domingo, 30 de outubro de 2011

Trava

O que trava na garganta é o nó que não consigo desatar.
Ah! Como eu queria dele me curar!
Mas, os sentidos gritam em gestos quando enxergo o mar,
O que fazer se não dele me banhar?


RENATA NETTO

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Suas palavras

Suas palavras ferem como uma navalha que percorre todas as extremidades do corpo.
É como sentir dores e não reagir, envelhecer sem o tempo passar.
É como querer alcançar algo sem sair do lugar, sem nem tentar.
É achar que a vida é feia no dia mais ensolarado, em pleno inverno.
É como se perder no tempo e não perceber as coisas em volta.

Suas palavras podiam ser meramente pequenas, sem conteúdo,
Mas atingiam em cheio minha mente, invadia
A profundidade de minhas crenças, das minhas certezas,
Simplesmente da maneira mais avassaladora e cruel,
Do desmembramento do inteiro pela metade de teus beijos,
Pela migalha do teu desejo, do teu abraço, do teu sorriso.
Pela humilhação de entregar-me de alma por quase nada.

Suas palavras me negam a existência da simplicidade dos afetos,
Dos sentimentos mais belos, da apreciação dos por menores,
Dos momentos cegos na errante concepção dos meus gestos.

Suas palavras abrigam a mais ardorosa dúvida em meu peito,
Aprisiona minhas vontades e estabelece distanciamento
Do que eu era, do que eu fui e do que eu passei a ser.

Na dimensão da tua boca, inúmeras delas (palavras), prontas a me corromper
No mesmo instante, são várias as rosas a me entorpecer,
Na minha pele cicatrizes, que não vão esmaecer...
Nos olhos a ilusão que tudo podia ser
O que queria mais ter...
Você


RENATA NETTO

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Renata NettO - inspirações!: Qual o capítulo que não li?

Renata NettO - inspirações!: Qual o capítulo que não li?: Quando o sonho se desfazia lentamente e derramava consigo a esperança de algo mudar... Quando a verdade já não fazia mais parte da realidade...

Qual o capítulo que não li?

Quando o sonho se desfazia lentamente e derramava consigo a esperança de algo mudar...
Quando a verdade já não fazia mais parte da realidade e caminhava perto de algo inexistente...
Quando sentir se transformava em algo vergonhoso e sem significado perto de algo inventado...
Desfigurava-se uma face iluminada, regida por uma força invisível, nunca tocada por carnais...
Desmanchava-se um corpo bólido na escuridão diante de milhões de outros seres que o assistiam cair...
Porém, num canto encostado, meio de lado, quase se perdendo de vista, muito além de qualquer horizonte...
Surgia envolto de uma chama que ardia suavemente no rosto e fazia-se acender as velas de dentro...
Que tarde, já não existiam, mas sua presença a todo o propósito impregnado no odor que exalava...
Fazia-se sentir e supor, quem sabe, que algo quis existir ou já existiu, por entre as entranhas secas,
Molhadas todos os segundos de uma subjeção perdida em um universo de preposições possíveis...
Inversamente ligadas a um mal estar crescente onde se declinava a partir de um ponto crucial...
Tão imensamente imprescindível, majestoso, por mais glorioso, por dizer; tão pequeno e frágil...
Que se é sempre encontrado não por acaso, mas sim por consentimento, permissão, enxergar o imperfeito...
O lado branco, lacunas vazias esperando o cheio, negro, para encher-se em si completamente...

RENATA NETTO

Matéria Luzente

O dia nem amanheceu
E tua lembrança permanece,
Nem nos sonhos me deixou.

Os raios de sol não têm o calor
Que os abraços teus possuem.
É dia e existe lua no céu.
Você está tão distante,
Mas ainda assim ilumina!

Não lembro da escuridão!
Teu olhar abriga a luz!
Olhando para ti sou lua cheia,
Entre as estrelas a mais bonita!

Não há sentido sem sorriso
Principalmente se ele for teu.
O abandono do meu corpo se faz
Porque sinto o que não se explica.

Assim sem controle dos meus atos,
Por loucura sana, essa, o amor
Que não é meu: é todo seu!

Pois sem ti não há amor e sem amor
O que sou a não ser matéria morta?
Olhando para ti não serei lua cheia,
Nem estrelas existirão, sou mais feia!

Serei fumaça perdida entre a ventania,
O sopro do que foi e não é mais.
Fruto do pesadelo infinito que é
Um ser sem o que o habita, abriga,
Consola e diz não chora, não chora.

Mas chove e faz frio, tem fome e dá arrepio
E diz é forte, é forte e o tempo ruim passa
O que me faz ser luminosa e radiante,
A competir com o sol; é o amor que tenho.

O amor existente em mim que é seu!
O amor que me faz inteira e não pela metade!
Que sem ele não existiria a beleza do dia,
Seria apenas matéria morta... Sem luz, sem vida!

RENATA NETTO

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Dá-se valor ao que se é, para depois não se perder...O caminho de volta pode não aparecer...

Os valores que havia perdido no meio do caminho me encontraram!
Vinha sobrepondo a eles um desejo de ser quem nunca fui.
E assim, achando que estava vivendo, fui me enganando todos os dias.
Os valores, hoje, me alcançaram e bateram em meu rosto,
Dizendo que aquele tempo que jogou-os fora
Foi um momento de revolta e desamor a tudo aquilo
Que chorando perdera.
Foi um choque de realidade, aprendeu-se da pior forma
Como as pessoas podem fazer de você um brinquedo.
E assim, quis fazer com os outros.
Quando somos jovens tudo parece uma questão de perda,
Se fazemos o certo estamos perdendo tempo!
Me pergunto, o que eu perdi quando achei que estava ganhando algo?
A perda foi maior, que o tempo que passou!
Hoje, entendo melhor o quanto de mim eu perdi.
Não sinto mais vergonha de ser quem sou,
Não sinto mais medo de dizer o que sinto.
Faz parte do que construí e o que quero ainda construir.
Hoje, os valores retornaram e me mostraram
Quantas coisas eu perdi querendo ser quem nunca fui.
Hoje, me vejo melhor, percebo quem fui e entendo quem quero ser.
Não posso dizer que tudo foi em vão, porque não foi!
Muito eu aprendi...sofrendo a gente aprende a observar e refletir.
Na dor se encontra o equilíbrio ou loucura.
Eu escolhi o equilíbrio, embora ainda em construção!
Porque a vida é muito mais do que essas fases que vem e que vão!

RENATA NETTO.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Século XXI

Convido para:
Colorir sua feição discreta
E tingir sua camada externa
Não sentir algo pelos outros
Mas apenas por você mesmo

Convido para:
Compor-se de marcas boas
Enxergar apenas o que é material
Experimentar do “menu” mais caro
E dizer o que te parece bonito

Convido para:
Tomar um chá vendo TV
Rir enquanto morrem dois
Esperar alguém fazer algo
Mas que seja apenas por você

Convido para:
Ser o que os outros vestem
Respiram, imaginam e gostam
Ser o que os outros preferem
Comentam e se transferem

Alerta:
Sinceramente não sei se isso
É síndrome ou anestesiamento,
Ou se isso é o normal a ser feito
Prefiro achar que sou anormal

Até porque as palavras iludem
Ninguém sabe o que é conceito.
O que dizer de moral ou respeito?
Apenas pagam para ser perfeito!

Sinceramente não sei se isso
Faz parte da espécie humana
Minha pele rejeita essa série
Ilimitada de cabeças “impensantes”.

RENATA NETTO

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

MUTAÇÃO

Em silêncio tudo muda...
Muda o tamanho do sentir
A vontade de fazer
O desejo de ser

Nunca seremos aquilo que fomos ontem
Sempre estaremos em mutação
Nosso corpo, nossas sensações...
Procuramos o novo sem que entendamos o porquê
E às vezes no passado fomos melhores
E hoje o que nos aguarda são nossas escolhas
Reclamar do que vivemos é rejeitar nossas decisões

Em silêncio tudo muda...
O jeito de tentar
A maneira de dizer
O pensar