quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Qual o capítulo que não li?

Quando o sonho se desfazia lentamente e derramava consigo a esperança de algo mudar...
Quando a verdade já não fazia mais parte da realidade e caminhava perto de algo inexistente...
Quando sentir se transformava em algo vergonhoso e sem significado perto de algo inventado...
Desfigurava-se uma face iluminada, regida por uma força invisível, nunca tocada por carnais...
Desmanchava-se um corpo bólido na escuridão diante de milhões de outros seres que o assistiam cair...
Porém, num canto encostado, meio de lado, quase se perdendo de vista, muito além de qualquer horizonte...
Surgia envolto de uma chama que ardia suavemente no rosto e fazia-se acender as velas de dentro...
Que tarde, já não existiam, mas sua presença a todo o propósito impregnado no odor que exalava...
Fazia-se sentir e supor, quem sabe, que algo quis existir ou já existiu, por entre as entranhas secas,
Molhadas todos os segundos de uma subjeção perdida em um universo de preposições possíveis...
Inversamente ligadas a um mal estar crescente onde se declinava a partir de um ponto crucial...
Tão imensamente imprescindível, majestoso, por mais glorioso, por dizer; tão pequeno e frágil...
Que se é sempre encontrado não por acaso, mas sim por consentimento, permissão, enxergar o imperfeito...
O lado branco, lacunas vazias esperando o cheio, negro, para encher-se em si completamente...

RENATA NETTO

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