terça-feira, 30 de julho de 2013

Rematurar

Todos os dias tento ser melhor do que fui ontem,
E muitos dias não consigo!
Todos os dias tento me sentir feliz por estar viva,
E tantos deles estive triste...

Todos os dias encontro um motivo bobo para rir,
Mesmo que tentem me fazer chorar...
Todos os dias vejo algo bom no gesto de alguém,
Mesmo que digam não existir esperança...

Todos os dias procuro corrigir minhas falhas,
Muitas vezes me frustro...
Outras descubro...

Todos os dias mergulho em minhas fantasias,
Muitas delas me envolvo...
Outras transformo...

Só não as deixo, delas meus sonhos crescem,
Delas semente vira fruto maduro...
Só não me deixo sem elas, nesse mundo real...
Sem elas me machuco mais,é tão maturo,
Que minha criança se inibe...

Renata Netto.

domingo, 21 de julho de 2013

Lorotando

Quem quiser que me julgue, critique,
Analise, xingue, não me leve a sério...
Quem quiser que me instrua, ensine,
Aconselhe, informe e me leve a sério...
Tudo que vier me serve, é motivo de reflexão...
Já o que retirar de cada um, cabe-me a escolha...
E acredite! Mesmo na falha sei que posso ser mais,
E melhor do que fui antes...
Aprendi que o erro é inevitável, 
Mas que é o começo de um novo acerto,
Mais árduo, doído, logo, mais bonito...
Tudo que se faz tem um retorno proporcional,
Seja para o bem ou para o mal...
Não há razão sem emoção e emoção sem razão...
Não precisa amar para respeitar o outro,
Mas é preciso compartilhar amor para não se perder,
Com a própria solidão, o próprio egoísmo...
Aprendi que credibilidade é uma maquiagem,
Uma imagem formada em exemplos circunstanciais...
O crédito é mensuração da importância que se dá,
Seja em valor, ou em sentido...
Então a palavra continua sendo: amor.
Aprendi que a maneira correta de se fazer as coisas
É a mais difícil, e é preciso antes de caráter, coragem...
De se abnegar, se limitar, se coibir, se controlar...
Apanhei muito nessa vida... Mas ainda foi pouco...
As quedas te instruem a ser mais atencioso, cuidadoso...
Sair da zona de conforto. Encarar os erros como aprendizado...
A se respeitar mais, entender melhor o outro,
Compreender que a vida não está para todos como um livro de matemática,
Cheios de respostas, nem como as regras dos homens, cheias de restrições...
A vida é a busca de quem se é...

Renata Netto


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Veneno solidão

Vôo de vento em popa, de popa em vento...
Vertigem no deserto, asas brancas entre as nuvens...
Povoa o universo aquela trama perversa...
Água que passarinho não bebe, no poço de teus bens...

É o veneno da solidão...

Pior que cachaça, pior que um vício.
A solidão te traz a tormenta da rejeição,
A negação de todo o potencial...
A remoção de parte do que se é.

O veneno da solidão...

Não queima, nem arde...
Não corta ou decepa...
Não perfura, nem torce,
Muito menos quebra...

Mas o veneno da solidão,
Nos cega, limita, nos nega...
Machuca como queda,
Dói como pedrada...
Aprisiona a cama sem doença...
Enlouquece sem alucinógenos...
Embriaga como o álcool...

Esse veneno nos distancia,
Divide, separa do certo e do errado...
Constrói muralhas, ilhas...
Faz crescer o amargo, deprecia,
Imobiliza, inutiliza, neutraliza,
Assassinos de nós mesmos...

Por tanto... Tomemos sempre doses de si mesmos...
Aprendamos a nos gostar como somos...
Gostar dos outros com respeito...
Amar a vida como se apresenta...
Aprendamos que a felicidade é uma opção de vida!
E não uma meta a se bater, sempre, no futuro. É presente!

Renata Netto.

Arranca e solta

Suando acordes, ritmados no sabor,
Recobrindo os lençóis outra hora despidos...
Soando elogios em suaves sussurros...

Arranca-me de mim, faz-me navegar em teu mar...
Suas ondas, marolas...
Me encaminha para areia...
Arder sobre os raios de sol,
Faz parte do teu abraço...
Teu desejo!

Roncando forte corre o grito
Se esconde o arrepio e libera o sopro...
Sutil envolve todo o corpo...

Arranca-se para mim, faz-se sonho em rio...
Contínuo, às vezes intenso...
Outras calmo e tranquilo...
Profundo ou raso, lúdico...
Paisagem do mais natural...
Gozo teu!

Renata Netto.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Única variação comum

No pingo da chuva que cai no chão
Reluz cor, saudade e um pouco de dor
No espaço onde se expandiu a água
Nem memória ficou quando a outra gota
Pingou

Apagou a marca que era da outra...
Como os segundos que passam e não voltam...
Cada oportunidade, cada escolha, renúncia...
É um pouco do que se leva, e do que fica...
Ecoou

Suspendeu no tempo-espaço um registro,
Que só quem presenciou, sentiu, enxergou...
Como o momento do encontro dos olhos,
Da pele e apresentação do tato, do gosto...
Bom

Como aquele mesmo pingo disfarçado de outro.
Vem, pinga, se espalha no solo e apaga aquela antiga marca...
Mas dentre milhões de pingos de tanta chuva,
Apenas o pingo que enxergou, sentiu, será lembrado sempre como...
Único

E assim, costumamos acreditar que nossas escolhas são únicas...
Onde na verdade, foi apenas uma opção de várias escolhas disponíveis,
Regidas por interesses pessoais, conceitos formados, padrões...
E quando tudo se esquece e apenas se vive, a liberdade é pequena, 
Variável

Renata Netto