domingo, 14 de dezembro de 2014

Presa



O veneno quando destilado
Gera sensações adversas
Um copo preenchido de vazio
Ausência de razão ou clareza,
Diante da emoção

Tem um gosto tão amargo,
Inalado, causa estrago,
Pior que comida estragada.
Desce devagar, dando nó
Diante da morbidez

Pior ainda é ter que olhar a língua
Deslizante de cobiça,
Na boca aberta, salivante
De avareza e inveja
Digerindo com os dentes
A presa

Seresquentado

Enquanto paira sobre mim o verbo...
A lucilante manifestação no ventre se reverte
Em arrepios consumidos em verso.
Ditado, proclamado, declamado à derme

O sopro que vem da janela abastece
O  ar que falta entre o espasmo enlouquece
Padece o êxtase em silêncio profundo, adormece
Doce ser requentado, guardado para quem o amanhece...


Renata Netto

Silêncio de rapina

Pousa em meu coração
A águia da decisão
Veloz e precisa
Voraz

Cala meu pensamento
A injúria da omissão
Vil e fraca
Fugaz

Renata Netto