quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Suas palavras

Suas palavras ferem como uma navalha que percorre todas as extremidades do corpo.
É como sentir dores e não reagir, envelhecer sem o tempo passar.
É como querer alcançar algo sem sair do lugar, sem nem tentar.
É achar que a vida é feia no dia mais ensolarado, em pleno inverno.
É como se perder no tempo e não perceber as coisas em volta.

Suas palavras podiam ser meramente pequenas, sem conteúdo,
Mas atingiam em cheio minha mente, invadia
A profundidade de minhas crenças, das minhas certezas,
Simplesmente da maneira mais avassaladora e cruel,
Do desmembramento do inteiro pela metade de teus beijos,
Pela migalha do teu desejo, do teu abraço, do teu sorriso.
Pela humilhação de entregar-me de alma por quase nada.

Suas palavras me negam a existência da simplicidade dos afetos,
Dos sentimentos mais belos, da apreciação dos por menores,
Dos momentos cegos na errante concepção dos meus gestos.

Suas palavras abrigam a mais ardorosa dúvida em meu peito,
Aprisiona minhas vontades e estabelece distanciamento
Do que eu era, do que eu fui e do que eu passei a ser.

Na dimensão da tua boca, inúmeras delas (palavras), prontas a me corromper
No mesmo instante, são várias as rosas a me entorpecer,
Na minha pele cicatrizes, que não vão esmaecer...
Nos olhos a ilusão que tudo podia ser
O que queria mais ter...
Você


RENATA NETTO

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