Andei procurando o passado...
As sensações, as emoções...
Aquela ingenuidade sagrada
Andei distorcendo o presente
As decisões, as preocupações
O que era dado e o meu fardo
Andei muito tempo sozinha
Culpando todos da minha dor
Amedrontando os meus sonhos
Andei demais pelas calçadas
Concretas, ásperas, frias e cinzas
Da mais dura, árdua realidade
Andei tentando levantar as pedras
Uma em cima da outra, e outras
Atirando pela janela, ou eu ou elas
Andei tentando negar o que sou
Mas o gelo queimou e molhou
O chão inteiro, a alma inteira
Andei em liberdade todos os rumos
Em plena vontade, coragem e guarra
Como se nada soubesse, nada fosse
Andei com o mundo sob os pés
E fiz dele um refúgio de memórias
Pesando um longo embate tocante
Andei mais que um mero instinto
O necessário para dosar o espírito
Da dor e alegria que é sobreviver
Renata Netto
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