quinta-feira, 7 de julho de 2016

Ando

Andei procurando o passado...
As sensações, as emoções...
Aquela ingenuidade sagrada

Andei distorcendo o presente
As decisões, as preocupações
O que era dado e o meu fardo

Andei muito tempo sozinha
Culpando todos da minha dor
Amedrontando os meus sonhos

Andei demais pelas calçadas
Concretas, ásperas, frias e cinzas
Da mais dura, árdua realidade

Andei tentando levantar as pedras
Uma em cima da outra, e outras
Atirando pela janela, ou eu ou elas

Andei tentando negar o que sou
Mas o gelo queimou e molhou
O chão inteiro, a alma inteira

Andei em liberdade todos os rumos
Em plena vontade, coragem e guarra
Como se nada soubesse, nada fosse

Andei com o mundo sob os pés
E fiz dele um refúgio de memórias
Pesando um longo embate tocante

Andei mais que um mero instinto
O necessário para dosar o espírito
Da dor e alegria que é sobreviver


Renata Netto









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