sábado, 24 de maio de 2014

À bola.



Quando eu era uma bola
E quicava no chão,
Batia em tantos lugares.
Não havia caixão
Que me guardasse,
Escondesse-me.
Erro ou acerto, exposto.
Terra ou gramado,
Lama ou barro batido
Ao nível do pescoço,
Subia-me a vontade
De fazer muitos gols.
Quando eu era uma bola
E chutavam-me duro,
Mais firme seguia no alvo.
E não existia inverno
Que me intimidasse,
Introvertesse-me.
À revelia ou não, encanto.
No pé, perna, ombro,
Tronco, cabeça e mão.
Rugindo tantas vozes
A cada toque, passe,
Continuava em destaque. 

Renata Netto.

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